Post longo, se você decidir ler, acomode-se, pega aí algo pra beber e até pra comer
Eu lá no fundo da sala em dia de exame pra uma das turmas, mochilas, bolsas, estojos, apostilas, colas, celulares desligados ou no silencioso, material de todos lá na frente, aquele silêncio imperando, vejo um papelzinhoinhomesmo no chão, vou andando, pego o dito cujo, e não é que era uma cola!? Digitada, letras reduzidíssimas que tive que pagar o mico de esticar o braço pra conseguir ler, porque tava sem o óculos que uso só pra perto.
Aliás, fui míope com grau baixo desde os 14 anos, por aí, baixo mas fazia diferença no cinema, pra dirigir e pra ler de longe e tal, e eu só usava nessas. Há dois anos o grau reduziu à quase zero e fui liberada, e nem sabia que isso poderia acontecer. Mas isso é outra história.
Volta Li, e a cola?
Bom, achei show aquela cola, incrível mesmo, tão pequena, com tanto conteúdo e quase inútil ao mesmo tempo. De tudo que tinha ali, ajudaria o suposto colador só em uma questão. Fiquei lendo e lembrando o trabalhão que eu tinha pra escrever miúdo quando não estava bem preparada pra alguma prova*muito raro, eu nunca fui de estudar, mas prestava atenção nas aulas, quase sempre* e da raiva que dava quando não caía quase nada da minha cola. Estava quase ficando solidária ao colador e me achando uma insensível*pra não dizer outra coisa* por não ter elaborado mais questões que pudessem colaborar com o 'pobre'. Mas lembrei que ele tinha deixado cair e de nada adiantaria. Vacilão. Esse vacilo eu nunca dei.
E parada onde achei o papelzinhoinhocriminoso, um suspeito, já que não tinha ninguém sentado na cadeira da fileira ao lado por motivo óbvio e o papelzinhoinho estava quase no pé dele quando peguei, era quase certo que deveria ser ele o de 'pouca sorte' *porque não falo aquela outra palavra nem que a vaca tussa* que além de ter feito uma cola quase inútil, ainda tinha deixado cair.
- É tua, Rafael?
- Não, professora.
- Tá bom.
Não dei flagrante, ponto.
As evidências não comprovaram a culpa.
Ocorrência arquivada..rs.
E aí, quando ele veio me entregar a prova, pasmem..
- Era minha a cola, professora.
- Era?
- Era.
- O que vai acontecer, tô ferrado?
- O que você acha?
- Acho que sim.
- Terça que vem eu te falo.
- Ok.
- Tchau e desculpe.
- Tchau.
E foi saindo, ele já na porta..
- Rafael.
Fui até lá..
- Gostei de você ter falado.
Sorriu..
- Obrigado.
É por isso que eu falo, hein. Adolescentes podem ser pessoas fantásticas. Lembro que ficava p da vida quando entrava com frequência em chats, e aparecia algum Ser só pra atormentar a conversa que rolava, alguém saia com uma do tipo 'Vai dormir, moleque, se teu pai te pega usando o computador pra fazer isso..', ou algo do gênero. Como se fosse regra gente mal educada, a toa, com dificuldade pra se relacionar conversando numa boa, ser criança, adolescente, jovem e tal.
Rafael tem 20 anos, foi honesto quando já tinha se safado, foi educado e não tentou barganhar, nem tampouco fez graça.
E não, antes que você possa pensar que ele é problemático, excluído por algum ou alguns motivos, algum tipo 'estranho' e por isso se pudesse esperar uma atitude assim.
Não, ele é bonito e é bonito, é divertido, é interessado. Escolheu assumir e encarar a consequência que vier.
A porra do mundo tem salvação, sim!
Obs: Se alguém chamar meu aluno de burro por ter contado, tá frito..haha
Aliás, fui míope com grau baixo desde os 14 anos, por aí, baixo mas fazia diferença no cinema, pra dirigir e pra ler de longe e tal, e eu só usava nessas. Há dois anos o grau reduziu à quase zero e fui liberada, e nem sabia que isso poderia acontecer. Mas isso é outra história.
Volta Li, e a cola?
Bom, achei show aquela cola, incrível mesmo, tão pequena, com tanto conteúdo e quase inútil ao mesmo tempo. De tudo que tinha ali, ajudaria o suposto colador só em uma questão. Fiquei lendo e lembrando o trabalhão que eu tinha pra escrever miúdo quando não estava bem preparada pra alguma prova*muito raro, eu nunca fui de estudar, mas prestava atenção nas aulas, quase sempre* e da raiva que dava quando não caía quase nada da minha cola. Estava quase ficando solidária ao colador e me achando uma insensível*pra não dizer outra coisa* por não ter elaborado mais questões que pudessem colaborar com o 'pobre'. Mas lembrei que ele tinha deixado cair e de nada adiantaria. Vacilão. Esse vacilo eu nunca dei.
E parada onde achei o papelzinhoinhocriminoso, um suspeito, já que não tinha ninguém sentado na cadeira da fileira ao lado por motivo óbvio e o papelzinhoinho estava quase no pé dele quando peguei, era quase certo que deveria ser ele o de 'pouca sorte' *porque não falo aquela outra palavra nem que a vaca tussa* que além de ter feito uma cola quase inútil, ainda tinha deixado cair.
- É tua, Rafael?
- Não, professora.
- Tá bom.
Não dei flagrante, ponto.
As evidências não comprovaram a culpa.
Ocorrência arquivada..rs.
E aí, quando ele veio me entregar a prova, pasmem..
- Era minha a cola, professora.
- Era?
- Era.
- O que vai acontecer, tô ferrado?
- O que você acha?
- Acho que sim.
- Terça que vem eu te falo.
- Ok.
- Tchau e desculpe.
- Tchau.
E foi saindo, ele já na porta..
- Rafael.
Fui até lá..
- Gostei de você ter falado.
Sorriu..
- Obrigado.
É por isso que eu falo, hein. Adolescentes podem ser pessoas fantásticas. Lembro que ficava p da vida quando entrava com frequência em chats, e aparecia algum Ser só pra atormentar a conversa que rolava, alguém saia com uma do tipo 'Vai dormir, moleque, se teu pai te pega usando o computador pra fazer isso..', ou algo do gênero. Como se fosse regra gente mal educada, a toa, com dificuldade pra se relacionar conversando numa boa, ser criança, adolescente, jovem e tal.
Rafael tem 20 anos, foi honesto quando já tinha se safado, foi educado e não tentou barganhar, nem tampouco fez graça.
E não, antes que você possa pensar que ele é problemático, excluído por algum ou alguns motivos, algum tipo 'estranho' e por isso se pudesse esperar uma atitude assim.
Não, ele é bonito e é bonito, é divertido, é interessado. Escolheu assumir e encarar a consequência que vier.
A porra do mundo tem salvação, sim!
Obs: Se alguém chamar meu aluno de burro por ter contado, tá frito..haha