| convidada da vida |
porque ainda que sem muito jeito, ainda que eu não tenha jeito,
sou penetra, não, sou convidada da vida


1.20.2007



Ler Hilda Hilst, me remete ao que entendo como ser humano, aquele mesmo que somos internamente nós humanos, pleno de possibilidades. Alguém que ama, odeia, sonha, deseja, fantasia, sofre, agride, transgride, angustia-se, confunde-se, inquieta-se, alegra-se, extasia-se, e por aí vai. Em menor ou maior escala, dependendo da personalidade, história e características individuais de cada um.
Tá, só que quando leio Hilda, sinto este ser, esta mulher, nesses estados todos ao mesmo tempo.
E aí resulta na literatura (até onde conheço) atrevida, ousada, arrebatadora e elegante da Hilda. Poeta, pra mim, pura e 'louca'.

Pra quem gosta e/ou se interessar, vale a leitura, inclusive dos comentários.

http://revistacult.uol.com.br/website/site.asp?nwsCode=0B625CB8-88A5-42CB-B543-6AA3A425D5E1

Um pouco, bem pouco de Hilda Hilst -

Colada à tua boca a minha desordem.
O meu vasto querer.
O incompossível se fazendo ordem.
Colada à tua boca, mas descomedida
Árdua
Construtor de ilusões examino-te sôfrega
Como se fosses morrer colado à minha boca.
Como se fosse nascer
E tu fosses o dia magnânimo
Eu te sorvo extremada à luz do amanhecer.

.

Toma-me. A tua boca de linho sobre a minha boca
Austera. Toma-me AGORA, ANTES
Antes que a carnadura se desfaça em sangue, antes
Da morte, amor, da minha morte, toma-me
Crava a tua mão, respira meu sopro, deglute
Em cadência minha escura agonia.

Tempo do corpo este tempo, da fome
Do de dentro. Corpo se conhecendo, lento,
Um sol de diamante alimentando o ventre,
O leite da tua carne, a minha
Fugidia.
E sobre nós este tempo futuro urdindo
Urdindo a grande teia. Sobre nós a vida
A vida se derramando. Cíclica. Escorrendo.

Te descobres vivo sob um jogo novo.
Te ordenas. E eu deliquescida: amor, amor,
Antes do muro, antes da terra, devo
Devo gritar a minha palavra, uma encantada
Ilharga
Na cálida textura de um rochedo. Devo gritar
Digo para mim mesma. Mas ao teu lado me estendo
Imensa. De púrpura. De prata. De delicadeza.

.

Que canto há de cantar o que perdura?
A sombra, o sonho, o labirinto, o caos
A vertigem de ser, a asa, o grito.
Que mitos, meu amor, entre os lençóis:
O que tu pensas gozo é tão finito
E o que pensas amor é muito mais.
Como cobrir-te de pássaros e plumas
E ao mesmo tempo te dizer adeus
Porque imperfeito és carne e perecível
E o que eu desejo é luz e imaterial.
Que canto há de cantar o indefinível?
O toque sem tocar, o olhar sem ver
A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis.
Como te amar, sem nunca merecer?

.

A idéia foi se fazendo
Em mim. Era alta a lua, e aberta
A porta escura da minha casa vazia.
Te pensei. E na minha boca fez-se
Um gosto licoroso, mordedura

Mais doce do que a própria ventura
De existir
E te pensando foi subindo a lua
E vivendo meu instante fui te vendo
Da minha vida cada vez mais perto.

A idéia, redonda, esboçada
Em azul, em ocre e sépia
Era a tua vida em mim, circunvolvida.

.

Estar entre teus pêlos e dedos,
entre tua densidade,
neste transpirar sob medida
aos teus gemidos.
Estar entre teus trópicos,
entre o teu desejo e o meu prazer;
beber parte de teus líquens e teus rios
percorrendo-te da foz até a origem,
e pura a cada amor partir mais virgem.

.

Um desequilíbrio latente que só aqueles que são verdadeiramente geniais podem se dar ao luxo de ter.

Bem poderia ter sido este pensamento, ela por ela.

Dias bem bons pra todos nós!
escrito por helena

1.11.2007



Cantarolando, desafinando..rs, e cantarolando,,

Sintonia - Tunai

Me abraça, me leva pro infinito,
me faz flutuar.
você é o meu sonho, mais bonito,
nem dá pra explicar.

Te quero e pressinto,
te desejo, te beijo e vamos seguindo,
os nossos caminhos, vão num destino só.

Nós somos sol e lua juntos,
o amor uniu,
os nossos mundos.

a gente se olha, se namora
e dança o balé da vida.
viver é tão simples,
quando se tem prazer.

Que bom que a gente tem,
tanta energia assim,
se você fica a fim,
quero outra vez também,
paixão, sintonia.
escrito por helena

1.03.2007

- A Arte De Complicar -

Doutorado
O dissacarídeo de fórmula C12H22O11, obtido através da fervura e da evaporação de H2O do líquido resultante da prensagem do caule da ramínea Saccharus officinarum Linneu, 1758, isento de qualquer outro tipo de processamento suplementar que elimine suas impurezas, quando apresentado sob a forma geométrica de sólidos de reduzidas imensões e arestas retilíneas, configurando pirâmides truncadas de base oblonga e pequena altura, uma vez submetido a um toque no órgão do paladar de quem se disponha a um teste organoléptico, impressiona favoravelmente as papilas gustativas, sugerindo impressão sensorial equivalente provocada pelo mesmo dissacarídeo e estado bruto, que ocorre no líquido nutritivo da alta viscosidade, produzindo nos órgãos especiais existentes na Apis mellifera, Linneu, 1758. No entanto, é possível comprovar experimentalmente que esse dissacarídeo, no estado físico-químico descrito e apresentado sob aquela forma geométrica, apresenta considerável resistência a modificar apreciavelmente suas dimensões quando submetido a tensões mecânicas de compressão ao longo do seu eixo em conseqüência da pequena capacidade de deformação que lhe é peculiar

Mestrado
A sacarose extraída da cana de açúcar, que ainda não tenha passado pelo processo de purificação e refino, apresentandose sob a forma de pequenos sólidos tronco-piramidais de base retangular, impressiona agradavelmente o paladar, lembrando a sensação provocada pela mesma sacarose produzida pelas abelhas em um peculiar líquido espesso e nutritivo. Entretanto, não altera suas dimensões lineares ou suas proporções quando submetida a uma tensão axial em conseqüência da aplicação de compressões equivalentes e opostas.

Graduação
O açúcar, quando ainda não submetido à refinação e, apresentando-se em blocos sólidos de pequenas dimensões e forma tronco-piramidal, tem sabor deleitável da secreção alimentar das abelhas; todavia não muda suas proporções quando sujeito à compressão.

Ensino Médio
Açúcar não refinado, sob a forma de pequenos blocos, tem o sabor agradável do mel, porém não muda de forma quando pressionado.

Ensino Fundamental
Açúcar mascavo em tijolinhos tem o sabor adocicado, mas não é macio ou flexível.

Sabedoria Popular
Rapadura é doce, mas não é mole, não!

Eu mandei parte do post anterior pra alguns colegas de trabalho e alguns alunos. E um aluno gostou da citação da rapadura..rs, e me mandou este. Simples assim. Gostei.

Dias bem bons pra todos nós!
escrito por helena