Este texto que salvei há muito tempo do blog da Soul - http://www.your-soul.com/ - me acompanha desde lá. Sei exatamente o que ele diz, mas em dias que to bem estragada de saudade, leio, releio, ele me acalma. Hoje soube da 'partida', no último sábado do marido de uma amiga que fiz através de uma comunidade do Orkut, comunidade seríssima, que eu queria ter podido contar quando a minha irmã estava doente. Nos conhecemos pela dor, ele tinha o mesmo tipo de tumor de origem da minha irmã, e conforme a evolução lá, ela me perguntava. Nunca conversamos sobre outros assuntos, ela estava focada e eu tinha um cuidado extremo em como falar, como responder, sentia e sinto carinho por ela, e solidariedade tanta, sequer posso dizer se a amizade vai continuar, mas saber hoje o que eu já sabia que aconteceria, me deixou de tal maneira triste, um sentimento tão honesto, doído e intenso, que parece que aconteceu de novo.
Não quero entristecer ninguém, só quero pedir uma boa 'chegada' a princípio pra ele, e reiterar pra que minha mana venha tendo uma boa estada. E força e serenidade pra ela e as filhas.
Tá aí o texto, traz uma linda idéia do que é, do que acredito ser.
PARTIDA E CHEGADAQuando observamos, da praia, um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar adentro, impelido pela brisa matinal, estamos diante de um espetáculo de beleza rara. O barco, impulsionado pela força dos ventos, vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor.
Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram. Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará:
"já se foi".
Terá sumido?
Evaporado?
Não, certamente. Apenas o perdemos de vista. O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade que tinha quando estava próximo de nós. Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas recebidas. O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver.
Mas ele continua o mesmo.
E talvez, no exato instante em que alguém diz: "já se foi", haverá outras vozes, mais além, a afirmar: "lá vem o veleiro".
Assim é a morte.
Quando o veleiro parte, levando a preciosa carga de um amor que nos foi caro, e o vemos sumir na linha que separa o visível do invisível dizemos:
"já se foi".
Terá sumido?
Evaporado?
Não, certamente.
Apenas o perdemos de vista.
O ser que amamos continua o mesmo. Sua capacidade mental não se perdeu. Suas conquistas seguem intactas, da mesma forma que quando estava ao nosso lado. Conserva o mesmo afeto que nutria por nós. Nada se perde, a não ser o corpo físico de que não mais necessita no outro lado.
E é assim que, no mesmo instante em que dizemos:
"já se foi",
no mais além, outro alguém dirá feliz:
"já está chegando".
Chegou ao destino levando consigo as aquisições feitas durante a viagem terrena. A vida jamais se interrompe nem oferece mudanças espetaculares, pois a natureza não dá saltos.
Cada um leva sua carga de vícios e virtudes, de afetos e desafetos, até que se resolva por desfazer-se do que julgar desnecessário.
A vida é feita de partidas e chegadas. De idas e vindas. Assim, o que para uns parece ser a partida, para outros é a chegada.
Um dia partimos do mundo espiritual na direção do mundo físico; noutro partimos daqui para o espiritual, num constante ir e vir, como viajores da imortalidade que somos todos nós.
Pense nisso!
Victor Hugo, poeta e romancista francês que viveu no Século XIX, falou da vida e da morte dizendo:
"A cada vez que morremos ganhamos mais vida. As almas passam de uma esfera para a outra sem perda da personalidade, tornando-se cada vez mais brilhantes.
Eu sou uma alma. Sei bem que vou entregar à sepultura aquilo que não sou.
Quando eu descer à sepultura, poderei dizer, como tantos: meu dia de trabalho acabou. Mas não posso dizer: minha vida acabou. Meu dia de trabalho se iniciará de novo na manhã seguinte. O túmulo não é um beco sem saída, é uma passagem.
Fecha-se ao crepúsculo e a aurora vem abri-lo novamente."
Autor: Desconhecido.